Quanto mais conheço, mais descubro o quão nada sei. Mas é bem verdade que, a mente que se abre para o conhecimento nunca mais retorna ao que era antes. Felizmente, ou não.

Como outrora adormeceu...

Minha foto
Subjetividade não é uma pergunta que se lança como qual é seu nome; é uma pergunta que se lança sobre quem é você. Ao passo que sua percepção aumenta, diminuem suas respostas para a última pergunta. Desta forma não cabe a mim dizer o que lhes será encontrado, cabe-me humildimente apenas assentar de que forma encontrei-me aqui.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Esse mundo corrompido de gente que grita
Vítima é quem morre ou quem atira?
Nesse mundo corrompido de balas e tiras
Bandido é minha saga ou minha sina?
Nessa selva de concreto, complexo, ereto
Viver é um sorte ou ironia?
Fabricando dor em massa, vendendo como marca
Eu que pobre, sou lembrado na revista?
Golpeando com a TV, iludido é você,
Ideoloagia, aqui a gente vê?
Eu não sou mais que dois braços pegando na enxada,
e palavras medidas e caladas?
 A cidade se complexa, muitos muros e muitas setas
o vazio do concreto de completa?
Entre muros, ruelas, de muitas famílias e famiélas,
em toda caasa muitos mundos...
Esse mundo corrompido...
De gente que grita....

sábado, 5 de novembro de 2011

Não me deixe só com minhas lembranças,
muito triste,
não quero ficar sozinha no que não existe
mais nada...
Fica a sós...
Volta a nós...
Mas queira ficar aqui
Volta para cá e abre as janelas, insiste
volta para cá decifra toda essa esfinge, vai...
Não queira me dizer que o sol acorda os dormentes
deixo tudo aberto
à ver se o céu existe agora..
Isso é lindo demais, pra quem saber ver, pra quem sabe respirar
Largo os meus jogos e revelo o constituinte
de toda essa conversa,
ser que não se define, composição abstrata
impessoal e real.
O tempo todo aprendemos coisas que não nos damos conta,
mas acabamos sempre nos debatendo por situações que acionamos esse conhecimento nosso,
e o que eu teria pra acrescentar? Quase nada.
O dia confunde nossas idéias, porque faz-nos esquecer da noite.
Estrada velha pra um caminho novo.
Estrela guia de um luar estranho.
Bonita é a linha invisível que liga os olhos,
e o sinal de vida da miséria bruta, amigo.
Não se levanta a cabeça, sem antes levantarem-se os olhos,
nem se põe à frente sem antes pôr-se de pé.
Não se ergue uma espada com as mãos trêmulas,
nem se delimita por opção própria, só por necessidade
Não se diz a ninguém o que fazer,
afinal,
quem assume a responsabilidade do outro, é tão somente o outro,
e nunca você.
Na passarela da vida não se sabe o outro lado,
mas também nunca se arrisca ver o que está em baixo, em baixo da ponte.
O que eu aprendi, é que nós somos sempre ignorantes em algum lugar,
o que não nos dá o direito nunca de nos sentirmos mais sábios,
aprendi que o conhecimento não necessariamente te torna mais descrente,
apenas mais suave...
Aprendi que romances são somente romances,
ninguém leva seu coração, leva apenas sua rotina.
Essa vida latente que vibra a seus passos, pede parcimônia. Essa vibração insistente que move o fluido alimenta-te, sustenta-te. Acorda-te. Não ver-se mais pobre? Cuida-te, teu corpo, de tua vida, de tua família. Preserva-os, e sente-os.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Sob a chuva se passa o tempo,
esse frio que me traz relento,
a cidade passa,
tento enxergar a beleza desses passos molhados.
A chuva no coqueiral, não combina.
Chuva molhe,
molha a pele morta para que viva de novo,
ou tenha no seu sopro o que se relembrar.
Esfrie as cabeças quentes, mas não deixe ser plena frieza.
Levanta o cheiro de mofo que guardávamos a tantas.
Já que canto é acalanto.
No fim da nevoada,
não sobra a chuva com peso de menina e jeito de cantiga
e nem estrada.
No fim da nevoada cardume de palavras,
nada nada...
Toda a incerteza não é ser,
Nem a sombra triste de ontem,
o meu querer de hoje.
Vivendo entre as folhas verdes,
sangrando entre espinhos mortos.
Sedento de relento nobre.
Decaindo de pedestal orgânico
Reconstruindo de destroços dignos.
Ceifando inconscientes tratos.
Relatos, retratos.
O corte esguia o vinho-tinto
De quantos castelos se faz o vinho
A linha do toque
O veludo artesanal do dedo,
percorrendo a face de um adormecer.
E de quantas faces se faz um nome.
O oco que é um sentimento
pardo, nem branco nem mulato,
nem ter, nem solidão.
Mas qual a cor do apelo.
Vibração que outrora já se foi.
Reflexões que agora já não vem.
A minha pouca idade não resplandece o meu ser,
A pele nova pulsa vida que se conhece no tênue,
no traço.
Eu laço a sorte e vislumbro o corte,
como a ração do meu ego,
faço-o porque estou cego.
Manada de pensamentos, cardume de palavras
Nada, nada...
Não termino o que começo porque não retenho nada.
Cardume de palavras,
nada nada...

domingo, 9 de outubro de 2011

Que se conheça Che Guevara

Um líder não se faz por estar dentro de qualquer levante, de qualquer conflito. Porque isso é bagunça. Um líder não se faz por se levantar em todas as reuniões por pronunciar falas desnecessárias apenas pra se fazer presente. Porque isso é exibicionismo. Um líder não precisa estar sempre atualizado com tudo. Porque isso é falta do que fazer. Um líder não se faz notável, ele é notável. Um líder não se alia a demais por interesses políticos, mas por convicções pessoais. Um líder não se dobra, desafia. Dedico-me aqui, mesmo sem nunca ter feito antes, a uma pessoa específica, a Ernesto Guevara. O faço porque neste dia (09 de outubro de 2011) se completa 44 anos de sua morte. O motivo todos sabem. Che Guevara é na Bolívia, assassinado por ser tido como terrorista como tantos outros que ousem desafiar o império das maiores DEMOCRACIAS* do mundo. Terrorista porque a babilônia teme ser destruída. Che, jovem de classe média argentina, aprende na pele sua ideologia política, vê na face da América Latina o que seria sua meta de vida: transformar esse quadro medonho. Tristonho. Despediu-se eternamente de sua família para entregar-se à luta, a luta pelos invisíveis, a luta por aqueles esmagados pela enorme força da opressão. Sua meta era uma vida digna, a dignidade de vida para todos. Mas dignidade para todos não é o que o grande império quer. A babilônia quer escravos porque sem eles não existe luxo. Precisamos que a falta de dignidade que é a vida de alguns se mantenha, porque delas se faz o luxo da vida de outros, por isso dignidade é um preço muito alto a se pagar. E por isso nada mais justo do que essa simples dedicatória. Dedico-me a confessar minha sincera adimiração àquele que se matou pelo povo da Venezuela, pelo povo latino americano, por todos aqueles que levam nas costas o peso do poder. Che Guevara, um dos maiores líderes que temos a honra de conhecer. Vivamos pois seu ilustre exemplo de amor, de coerência prática teórica, de solidariedade. Tentemos reconhecer nos nossos "líderes" de hoje qual deles desce de seu posto para cortar cana com os outros para dar exemplo de trabalho voluntário, e não reconhecendo, recusemos todos os eles. Eles que não nos representam. Viva a Che! Viva a revolução latente em nossos corações.

domingo, 2 de outubro de 2011

Silencia, torna-se turbulento, aperta, afrouxa, se anima por vezes, e se desfaz, meu coração?
Oh não, não falo dele
Sobe e desce, confusão, calor, voz,
Passa pelos lugares que se escondem à sombra do que não existe,
Percorre por onde quer que seja, pra onde quer que vá, sem sentido
Recomeça tudo outra vez
Fim do expediente
Amanhã é outro dia,
As luzes se acendem para que possamos perder o medo que temos uns dos outros,
uma viagem lado a lado de quem não se conhece.
Espera um pouco, já vai? Mas está tão cedo... Não se diz, só pensa
Um café talvez? Um pouco de conversa convém?
Desculpe-me a demora, atrasei vocês?
Entre bocejos e conversas, gente e mais gente.
Quero um coletivo de estranhos, um coletivo urbano.
Diz-me um coletivo de amor, que saberás um sonho.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Filhos da Revolução

Somos a geração coca-cola, a geração do pagode, das músicas de baixo escalão, da acomodação popular, e por tudo isso, legitimadores da suposta indignação daqueles mais velhos frente nossas posturas. Chamam-nos de apáticos, despolitizados, acomodados. Somos aqueles que envergonham a classe presente e atuante em toda a linha do tempo, a classe juvenil, a classe estudantil. Somos os que não lutam, somos a geração Y. Ou chamam-nos.
Mas quem realmente somos? Somos filhos da revolução.
Os ideais foram vendidos, por isso não resta nenhum à oferta. Os que deram a cara a tapa nas suas lutas de resistência foram mortos e os vivos, dão a cara a quem paga mais.
A vanguarda comunista latina americana é uma vergonha. Os socialistas têm milhões guardados nos bancos, porque não existem mais comunistas. Tudo isso foi vendido.
Somos filhos dessa venda. Da mercantilização da idéia. Fruto da mais podre união de interesses. Óvulo fecundado da desvalidação do ideal. Somos os desiludidos e desenganados.
Não conseguiram a revolução, por isso querem que façamos.
Che Guevara morreu pela luta. Ninguém mais morrerá pela luta.
Somos aqueles que devem refazer tudo.
Um dia a revolução foi preparada frente a um terreno explícito de ditadura militar, fomentando a democracia. Um dia a revolução foi preparada por um governo de estruturas ultrapassadas do Império. Um dia a revolução foi preparada em um terreno monárquico. A revolução sempre um dia, em todos esses dias, foi preparada pela aposta numa segunda opção. Porque a segunda existia, fora pensada, fora testada. Não temos segunda opção. Não sabemos o que fazer porque não sabemos o que fazer. Não sabemos qual a segunda opção, não sabemos se existe a segunda opção. Temos que criá-la. Porque o neo-liberalismo já foi testado, e um socialismo falso também.
Nosso trabalho é muito mais árduo.
Porque não podemos lutar contra algo que não sabemos como concertar.
Ninguém fez revolução.
Nossa revolução é lenta mas é mais racional, para não precisar-mos escrever um "Crespúsculo do Macho" dizendo de nossas arrependimentos de nossa prática revolucionária passada.
Construimos nossa realidade líquida, vendendo e comprando por ora o que está em oferta.
A minha geração não é fodida, é germe de uma foda mal concebida.

domingo, 31 de julho de 2011

Sem direção, se angustia o tempo, por não ter seu rebanho que conduzia enfim,
Mas sem razão, ficamos tão à toa nesse vendaval de tanta explicação,
e, de tantas normas claras, à tantas regras pálidas há de se confundir,
porque, não honrará ao mérito quem tentará reconduzir; a culpa
é de nossos tempos líquidos, nossos pensamentos, gás, que se condensa em mel,
mas,
não adocica a boca.
De nossa cena, se fez a aquarela, desagradou renega, e recomeça a pintar.
Em tempos tão distintos, que de branco se pinta o índio que de preto não quer ficar,
e de tempos tão famintos, que de brisa vive o mendigo, querem meditar.
O que ocorre juventude minha,
não te vejo minha, por não saber quem somos.
Este tempo vacilou conosco, deixou tudo fosco para desvendar.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Deixe-me estar,
dá-me uma dose do que eis e conheças um pouco de mim,
não sou sombra,
sou luz a fio de um momento vão, ou não.
Contradigo e determino, faço meu momento, mudo minhas opiniões.
Se quer ter-me do lado, somente não entenda,
velocidade é brio de um sonho.
Não enalteça seu semblante nem diminua seu ego.
Ego, superego, Id.
Penso não ter muitas coisas, admiráveis aos olhos.
Horas me preocupo, horas não sei o que é preocupar-se.
Não complico as coisas. Não rebusco, desdobro, apenas retenho, tudo o que posso.
Se, o tamanho da perda da alma pode ser vista por tudo aquilo que ela se contenta ter,
não sei o tamanho da perda da minha. Pois não sei nem o que é essa perda.
Por fim não sou, diferente de qualquer um,
apenas vario meus gostos, e muitas vezes desconexo com esse espaçotempo.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Eu queria ser sol, lua, céu e mar,
mas me contento em ser apenas osso, carne e gente.
Pensei em mudar o mundo, sem antes tê-lo perguntado se ele queria ser mudado.
Talvez eu quisesse mudar o mundo, porque mudar a mim mesma é mais difícil.
Incrível,
tempo, tempo, tempo, tempo.
Os ventos que sopram, são os ventos de maio.
E a brisa da noite, é, é a brisa de maio.
A chuva se desfaz em córrego, do mesmo jeito que pensamentos alguns se desfazem em lágrimas,
correm ambos pro mesmo lugar, pra lugar algum.
O sol chega e seca, manda a chuva pra outro lugar, casos não hão de faltar.
Mas, o que importa sempre, na verdade é que
na reversibilidade do tempo, ser feliz é simplesmente, escolher ser.
E escolher, é sem dúvidas o maior presente que se pode ter.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Eu queria escrever e ler o teu coração
Mas o mundo obscureceu-te nesta solidão
O teu mundo retirou de ti o belo olhar
que se lança sobre a vida mãe em qualquer lugar
Eu queria saber dizer o que é certo e não.
Mas careço sob a sombra noite dessa indecisão
E padeço sob várias formas pra impressionar
O que não foi, o que não existe, nem existirá
Muitas vezes eu quero fugir da divagação
Mas o trem passa a minha porta
Acho que é drão
Açucaro pétala de flor e ponho pra secar,
Mentalizo qualquer o lugar pra poder estar
E o que eu queria é somente um dia...
Poder acertar

domingo, 8 de maio de 2011

Do chocolate desta tarde, até a discreteza de amanhã, quero lembrar de belas coisas e poder não sentir-me em mim. O mistério do silêncio e o frio das 5 horas tramam os meus sentidos e envolvem minha cabeça. Tudo é tão belo assim, pois. Se eu posso escolher entre cores, que eu escolha aquelas mais bonitas, que darão mais sutileza a. Então. A turvidez de um pensamento é tão singela quando não se torna lúcida, oh! Tantas besteiras são ditas, mas tão ouvidas são. Não querem dar ouvidos ao que eu digo, pela falta do que eu digo. Mas não sois capazes de dizerem qualquer coisa, e incrementar nessas poucas palavras um sentido próprio? Preciso então eu, dizer-lhes o que é? Quero que seja só meu. Oh céus, que confusão! Mas que o prazer te tome e música que te balance, é. A arte é invasão, imensidão que emancipa, grito que grita, e riso que agita. A arte é que arranca. Suspende e levanta? A arte é cor, brilho, amor e dor, é tudo e nada, é sim e não, é o que é, e deixa de ser se você quiser. É.
Colorir solar o que não resisti.
Caminhar quebrar o que não é em si.
Ter em meu olhar o que sobrou de ti
e pesquisar no mar o que perdi em mim
Ter em cada estar, um pouco desse ir,
e tentar desvendar o que sobrou do fim.
Mergulhar sonhar sem nunca desistir
Espedaçar, jogar cartas além do sim
Colocar a par que ganhei um jasmim.

sábado, 30 de abril de 2011

Passa pela noite da rua, e lembra- se da sua infância. Da juventudo modesta, das travessuras espertas.. Quanto tempo faz velho amigo tempo. Põe as mãos nos bolsos, o ar frio enche seus pulmões de nostalgia e de suavidade. Um espírito sereno é um espírito em equilíbrio, e ele sabe disso. Hoje ele tem 65 anos, ontem ele teve mais ou menos, depende da época que você falar. Ele não é velho, ele apenas conseguiu ser jovem demais. O que ele quer falar nesse momento não o diz por palavras, mas não é apenas deste momento. Se ele pudesse voltar no tempo, ele tiraria uma fotografia de cada momento que ele gostaria te lhe mostrar agora. Ou quissá gravar o som de cada manhã. Porque. Porque simplesmente tudo sempre é tão lindo e tão novo que deixar dispediçar esses singelos segundos é um abuso. Ao tropeçar na pedra, viu-se esmagado pelo enorme peso do tempo que já carregou, pensou ser um sinal desse peso, o sinal da queda. Talvez porque sua ingenuidade tola o fez cegar da verdade de que a pedra era somente uma pedra. E que a vida não lhe mostraria nenhum sinal de derrota, a não ser sua própria mente. Enquanto um velho amigo jovem, ele deseja que sejais felizes.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Andam sussurrando nas espreitas, palavras suspeitas que não me convencem e me incompreendem. Queria escrever uma lição de vida, mas não me sinto à vontade. Afinal, quem é quem pra ensinar algo? Me sinto bêbada de teorias, me embriaguei de histórias. Você uma hora descobre que seus ídolos te traiam, ou que eles eram qualquer pessoa, menos uma pessoa real. Ou pior que isso, os palhaços do circo fazem malabarismos que te convencem, e você se decepciona e se sente anestesiado. O homem cria um norte por não saber que esse norte se encontra em si próprio, e procura princípios, procura a fundamentação desses princípios nos diálogos de outro alguém, e porque este alguém, explica apenas uma parte de sua ânsia, ele tende a incorporar novos princípios velhos e adotá-los como sobrenome. O que leva a crer na legimitidade de um escritor de escritório, e não na veracidade dos poetas de rua? Que vê a vida de frente encara-a aos olhos, e carrega seu sistema nas costas? O que faz não pensar nisso; qual a dose dessa droga, e qual o tempo de duração do efeito comático. Fugir dessa generalização louca, enfraquecedora, não colocar óculos estreitos aos olhos, não se referenciar, guiar-se a si próprio, afinal, não é em vão sua capacidade de pensar.

domingo, 10 de abril de 2011

Estamos sozinhos mesmo com muita gente em volta. A solidão se alastra, por mais que fujamos dela. O silêncio pesa a ponto de dobra-lhe os joelhos. Corcundas nós somos. Sentir frio quando faz calor, estar escuro quando é dia, estar triste quando se é feliz. Paradoxos incompreensíveis, mas altamente sentidos.
Desculpas pelas palavras incisivas, é válido.
O sentido de um momento, não pode ser esquecido. Banalizar.
O que te faz sentir pesar; será que saberia explicar; será.
Entender o que não se vive é o mesmo que sentir o que não existe. Não existe.
Os caminhos se confundem, e o sentido se direciona para o chão. Pois olhos se remetem ao chão, a cabeça baixa.
Queria falar de flores, mas elas não me remetem o momento.
Que o silêncio fale por si só, tudo o que ele não tem pra falar, mas é tudo que se precisa ouvir. Todo o espaço pra se expor. É tudo, e não é pouco. Bom silêncio.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Àqueles que não são mais

Muitas pessoas entram e saem de nossas vidas. Umas saem com muita dor, por acharmos que elas jamais sairiam, mas elas saem. E nessa nos machucamos, nos derrubamos, nos torturamos intimamente, porque achamos que aquela pessoa faz parte do seu ser. Esqueça. A saudade te faz querer voltar, mas a vida não volta, ela procegue. Se valeu a pena uma vez, vai valer de outra forma dessa vez. Dizem que o amor é eterno, e talvez ele seja, mas as pessoas que conhecemos, não. De alguma forma elas se separam, talvez até por escolha própria. Elas escolhem mudar porque elas tem vidas diferentes de você. Elas tem escolhas, tem caminho que nem sempre são paralelos aos seus. Aceite. Não necessariamente essas pessoas não queriam sua companhia, mas as vezes o caminho era estreito demais e elas tiveram que escolher. As pessoas são vidas, e vidas são histórias, vem e vão, fazem e refazem-se descontroladamente. Machucar-se não é a forma, nem consolar-se. Entender que bem como você, as pessoas estão em movimento, é suficiente para alegrar-se de ter vivido aquela história, seja ela de um amor, de uma amizade, seja lá ela o que for. Alegrar-se por saber que você também está em movimento, já é um motivo pra absterce-se de toda melancolia latente.
Redijo isso agora, pela saudade que sinto, a todos aqueles que me fizeram rir até chorar, que me fizeram chorar até doer-me a cabeça, que me fizeram enraivecer até perder a cabeça, que me fizeram sentir-me acolhida como se todos os problemas do mundo fossem abstratos. Redijo isso porque lá no fundo ainda sinto aquela vontadezinha de voltar e dizer como eu gosto de você, como foi bom te ter por perto. Mas que não posso mais fazer. Não redijo isso com dor, com amargura. Redijo isso porque lembrar as vezes me faz chorar em não ter todos os dias o brilho do sorriso daquelas pessoas, o som da risada delas, ou mesmo porque tenhos-as perto, mas não tenho-as mais do jeito como foi um dia. E nesse adormecer de melancolia, desperto-me com a razão da felicidade de ter estas lembranças, e de poder ainda, em meus pensamentos sentir a brisa no rosto, e sentir-me balançar os cabelos.
Àqueles que não são mais; obrigado pela companhia. Vocês tiveram, e ainda tem, o mesmo valor pra mim, o valor de quem eu pude amar como pessoa, mesmo que essa pessoa de hoje, não seja mais àquela que comigo foi, o valor que tenho é o mesmo, porque pra mim, existe apenas uma pessoa só, a que amei.
Àqueles que mão são mais, que vocês possam ser felizes e fazer feliz da mesma forma que  aconteceu em nossos momentos.
Obrigado.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

A melancolia de um sonho,
que engano o meu.
Se os pilares de seu mundo parecerem tremer,
e se algum ameaça cair, construa novos.
Ou não construa nenhum.
Dizem até que devemos ter cuidado ao cortarmos nossos defeitos,
porque não sabemos qual deles pode sustentar o edifícil inteiro.
E se nada posso dizer para solucionar,
quem sabe posso para me libertar.
Se as pessoas lhe parecem iguais, o que lhe resta fazer?
Não procurar, se você pode ver isso,
é o suficiente pra lher fazer diferente.
E se lhe parecem previsíveis demais,
faça de suas previsões um escudo.
Tentar não chorar.
Reter em forma de gelo pode parecer a solução à priori,
mas isso pode fazer mal, pode causar resfriado na melhor hipótese.
Mas se a supresa vem pra te desagradar?
Ela distrói um baluarte.
As vezes a infelicidade se esconde muito bem,
se esconde sob o bem-estar momentâneos e imediatos,
ou mesmo sob uma pseudo-satisfação, conformação generalizada.
A dor do mundo não pode ser maior do que sua coragem de lutar.
Estou aqui por uma razão,
dizer-lhe que, você não precisa de nada além de suas necessidades vitais do corpo pra sobreviver,
mas que você precisa de mais, pra poder realmente viver.
Mas se lhe faltam coisas a mais pra viver, ainda te restam coisas pra sobreviver,
e tais coisas para sobreviver é o que lhe manda procurar esse algo a mais.
Mas que esse algo mais jamais seja seu tudo.
Seu pilar.
Seu pilar é você, é a força que você nem sabe que tem, mas tem.
Sua força é Deus.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Sinfonia desesperada, alma aguda e desengonçada, poesia sem fala, exprema, cante. Coleção tênue,
sobre a linha do Equador. Sutileza de aurora, a natureza que vive, aflora sem temor. O que cintila não tem laço, nem esquadro, mas realiza com amor. Minhas palavras são incompletas, indefinidas e inconstantes. São pássaros fugitivos de gaiola, por isso são palavras soltas de sentimentos vãos de gaiola vazia.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Lugar de Pseudo-Todos

 A mãe com cuidado leva o bolo nos braços, o pai levava as coisas das crianças, e o resto do material para festa. As crianças acompanhavam-os saltitantes, sorrindo, levava-os consigo a ansiedade, certamente não só a ansiedade, mas outras emoções de criança na qual não se pode defini-las de outra forma, se não “de criança”, emoções essas que certamente já haviam sido levadas pelo vento no decorrer do tempo de seus pais, e de seu irmão mais velho, que também acompanhava-os, sem tanto entusiasmo.
  É chegado o local, um parque da cidade. Muito espaço, muito verde, muito brinquedo, era perfeito. Aline não queria, sentia-se envergonhada, mas Josué havia insistido, “as crianças vão gostar”, estava certo.
 A mesa de plástico trazida pelo mais velho era colocada em baixo da árvore, em cima desta, o bolo, e na árvore as bolas. Aline no momento confortava-se apenas pelo fato de que seu rosto não estara vermelho, pois sua cor de pele não permitia, pois caso contrário estaria notavelmente “queimando feito brasa”, como assim definiu intimamente.
 Josué interiormente sentia-se também um certo receio, haja visto que não havia saído da Barra, ou do Itaigara, e sim de seu barraco construído em uma “invasão” próxima ao parque, e podia sentir o contraste e o antagonismo entre eles e os outros desde as vestimentas de sua família, com a de outras famílias ricas e brancas que frequentavam o local. Mas ainda sim insistiu, era aniversário do Miguelzinho, e uma festa pro seus amigos, ou um passeio, ele não podia pagar.
 Nos meninos roupas sujas e amassadas, Aline os havia avisado “essas roupas são para festa”, mas a frase entrou do lado esquerdo do ouvido na posição em que a mãe estava, e sem nenhum tipo de filtro saiu pelo outro lado. Pegaram as roupas vestiram-nas e foram brincar na rua em frente ao barraco, sujaram-nas e não tinha mais outra pra trocar.
 Corre-corre, pega-pega, grita-grita. Sentados na grama olhando os meninos brincarem, Aline e Josué. Um pouco mais afastado, sentado a grama, olhando pro nada, e pensando em tudo, o mais velho. Passa-se uma hora desde que chegaram, “Mãe, tô com fome”, é hora dos parabéns.
 Aline já estava mais à vontade, Josué também. A não ser pelos olhares que os corria o corpo de cabeça aos pés, mas eles já sabiam que seria assim. Eram “pretos, pobres, e favelados” como ouviram sempre a vida toda.
 “[...] Rá-tim-bum! Miguel! Miguel!”, palmas. O bolo foi dividido, a Coca-Cola rendeu apenas um copo pra cada. No calor do parabéns pra você, Josué não percebeu que seguranças de braços cruzados e olhares firmes, observavam-nos. Com aquele “barulho” a família ao lado, apresentava-se ainda mais incomodada, visivelmente transtornada com aqueles “marginais perigosos” .
 - Retirem-se. Coloca o segurança, não bem assim ele falou, mas assim podem-se resumir suas palavras hostis.
 Não queriam. Ela abaixa a cabeça, recolhe a bagunça, catou um por um. Ele, tenta explicar, é empurrado. Respira o choro, ele passa pra garganta, então engole. Engole mas ele retorna como um refluxo, suas lágrimas perfuram o chão, e muito mais sua pele, como granizo. Cadu, o mais velho, aproxima-se, usa consigo a vergonha como boné, para esconder seus olhos de seu pai. “Por que Cadu?” diz o olhar de Josué ao chão, e sua mão no ombro de seu filho. “Perdão pai, mas se não fosse eu, eles quem iriam queixar-se  do senhor, melhor por mim, do que por qualquer outro”.
 - “Brigada” pela surpresa, papai.
 Miguelzinho agarra suas pernas, e volta a brincar e a correr com os irmãos. Forma-se um público em volta, Josué bambeia, quer se esconder, mas fortalece-se, levanta o rosto, sorri. É hora de voltar pra casa.